Outubro Rosa

 Outubro Rosa

O outubro é rosa mas a luta contra o câncer é diária. Poderia fazer um texto falando da importância do autoexame, dos índices de mulheres em tratamento e outras informações que durante todo esse mês você vai encontrar nas redes sociais e outros veículos de comunicação. Então vou fazer diferente e contar aqui a minha relação com essa “doencinha” chamada câncer.
Entrei na PCPR em 2012 a realização de um sonho estava começando. Em 2015 descobri um câncer de ovário, já na fase III, tipo “já tava com o pé na cova”.. rsrs… fiz cirurgia e as tão temidas quimioterapias. Foram nove meses de licença medica, 14 meses de tratamento e confesso que perder os cabelos foi a coisa mais terrível (e não digam que cabelo cresce)
Em 2016 fiz a escola de policia. Sim, eu ainda fazia tratamento e sim, pensei em desistir varias vezes. Foram meus colegas de turma que me deram força e me fizeram continuar. Lembro de um dia ter feito químio e em seguida ir pra aula de CQB lá na casinha… como me esforcei aquele dia, os professores não sabiam que eu fazia tratamento. Quando a aula terminou era perto das 18h e eu fui até uma igreja que fica perto da ESPC e chorei, chorei muito. Eu queria terminar a escola mas não aguentava mais, não tinha mais condições físicas e emocionais e bancar a “fodona” nas aulas de operações policiais me levavam a exaustão. Enfim, consegui terminar e depois da formatura terminei também o tratamento. A vida começava a entrar nos eixos e minha obrigação era fazer os exames de acompanhamento certinho. Tudo ia bem, fui pra operação verão e em 2017, durante exames de rotina veio a descoberta…. a doença voltou e eu teria que fazer quimioterapia novamente. (Perdi meu cabelo de novo). Dessa vez eu não tirei licença médica, fiz todo o tratamento trabalhando (NUCRIA/Ponta Grossa). Eu não tinha muito tempo pra pensar na minha doença. Eu tinha que ser forte pra poder ajudar aquelas crianças, aqueles adolescentes vítimas na maioria das vezes de abuso sexual, e isso me dava uma satisfação tão grande que esquecia da minha condição frágil. Trabalhar durante o tratamento me trouxe ânimo para lutar pela vida. Foram 6 meses de químio em 2017, só que mais uma vez, já em 2018, o câncer reaparece como se fosse aquele flagrante com três conduzidos que chega uma hora antes de terminar o plantão. E agora? Eu tava tão cansada que entreguei “os betes” e junto com o câncer veio a depressão, as crises de pânico e mais sessões de químio (agora semanais).
Eu já não aguentava mais…. a gente faz tudo certo, vai nas consultas, faz exames, faz simpatia, faz promessa, reza e tudo parece em vão.
E foi assim, nessa confusão de sentimentos que eu me descobri forte e um pouco ” cagona”. Talvez o segredo para enfrentar o câncer seja encara-lo(sem medo?). A prevenção salva, a informação salva, o amor salva.
O câncer de mama é o câncer que mais causa morte e é o mais comum nas mulheres brasileiras. É importante realizar o auto exame, consultar o medico regularmente e fazer exames de mamografia. Cuide-se! Ame-se! Lute! Tenha fé! Jamais desista!

Desiree Larocca Estevam
Escrivã de polícia
2ª Vice-Presidente SINCLAPOL

VALQUIRIA TISQUE

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